A ideia é poder evitar tragédias como a queda da ponte de Entre-os-Rios ou o mais recente desabamento da Estrada Municipal 255, em Borba. A solução é apresentada pela Matereo, uma startup de Coimbra que passou os últimos quatro anos a desenvolver um sistema de monitorização com inteligência preditiva, que serve, sobretudo, para evitar problemas em pontes e viadutos.
A Matereo está atualmente a negociar contratos com os principais gestores de infraestruturas portugueses e espanhóis.
Os sensores estão instalados, por exemplo, nos pilares. “Assim que identificamos uma problema num pilar, começamos a emitir alertas a toda a equipa de manutenção de infraestruturas. E damos razões potenciais para essa situação. O sistema também avisa para potenciais consequências da não resolução dos problemas”, explicam Jorge Vieira e Ricardo Carmona, dois dos três fundadores da Matereo, que cruza a engenharia civil e mecânica com informática.
A informação recolhida pelos sensores também permite “simular cenários de catástrofe. Os clientes podem aceder aos dados em tempo real e receber relatórios periódicos do estado da infraestrutura para evitar problemas”. Com estes dados “não há como fugir ao histórico na evolução dos danos”. Esta situação permite “poupar na manutenção no longo prazo e evitar catástrofes”.
Além dos sensores, a Matereo pode recolher dados de pontes e viadutos através de um veículo subaquático criado pela empresa (na foto) - e que complementa o trabalho dos mergulhadores - ou da requisição de drones.
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Incubada no IPN - Instituto Pedro Nunes, a Matereo está a negociar contratos com gestores de infraestruturas como a IP - Infraestruturas de Portugal, as concessionárias Brisa e Ascendi e ainda os espanhóis da Globalvia.
A Matereo começou formalmente em 2014 e juntou-se, dois anos mais tarde, ao programa de aceleração ESA-BIC, em parceria com a Agência Espacial Europeia. Este passo foi crucial para a startup de Coimbra reforçar a aposta na inteligência artificial.
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Falta apenas “afinar o modelo de negócio, tendo em conta que estamos a falar de manutenção como um serviço. Preferimos, por exemplo, a cobrança de uma anuidade, que poderá aumentar conforme o número de serviços que venham a ser necessários”.
Apesar de os fundadores da Matereo terem já investido cerca de 120 mil euros, está afastada, para já, uma injeção de capital. “Primeiro, temos de dar provas de valor da tecnologia para pensar nisso de forma mais vincada.”