As histórias de oito portugueses que criaram a sua própria empresa. Da publicidade à fotografia ou até a fazer recados.
NA MEDIDA DO DIAFRAGMA
Sara Pita, 28, fotógrafa
Antes
Acho que nunca tive realmente férias depois da universidade.
Estudei Gestão de Empresas e, ainda não tinha acabado o curso, já
estava a trabalhar. Comecei como estagiária num banco e fiquei como
assistente comercial. O trabalho era estável e o salário certo - e
bom - mas queria fazer outras coisas. Comecei a fotografar a minha
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sobrinha e pensei que podia ser bom aprender mais sobre lentes,
objetivas, aberturas de diafragma. Queria saber, aplicar mais
técnica. Tirei um curso e comecei a fotografar ainda mais. Quando
nasceu o meu segundo sobrinho virei-me também para os amigos. De
repente percebi que gostava de fazer isto e as pessoas davam-me
feedback positivo. Comecei a partilhar algumas fotografias no
Facebook e acabei por criar uma página só para as fotografias que
tirava. Aos poucos foram surgindo pedidos para fazer sessões ao fim
de semana, cujo pagamento eu convertia em material para a máquina.
No banco falava-se de uma reestruturação e eu achei que, se a área
onde eu estava ia acabar até ao fim do ano, bem podia arriscar.
Negociei a saída.
Depois
Há dois meses que os fins de semana voltaram a ser mais família
e menos trabalho. A decisão de deixar o emprego fixo para me dedicar
a uma coisa mais instável mas que me dava prazer foi tomada com o
apoio do meu marido: olhámos para as contas e vimos que o fim de
semana já era curto para tantas sessões. Tinha muita vontade de
arriscar, e no momento em que convidaram as pessoas a sair decidi que
queria dar início ao processo de rescisão amigável. Até fiquei
surpreendida com o meu chefe. Disse-me: "Faz muito bem."
A decisão mudou muita coisa mas alterou sobretudo a velocidade
dos meus dias. O nível de stress é mínimo e sou eu que me imponho
a minha pressão. Agora consigo ter tempo para a família e para o
trabalho. Tenho noção de que este é um negócio de moda mas se não
confiasse na minha decisão nunca teria arriscado.
As pessoas gostam de guardar recordações e foi essa certeza que
me fez investir 3 mil euros, entre máquinas e lentes. Ainda não
ganho ao mesmo nível do que quando estava no banco - até porque
este é um negócio um pouco sazonal - mas está a surpreender-me
pela positiva.
www.sarapitafotografia.blogspot.pt
O ADVOGADO FOTÓGRAFO DA NATIONAL GEOGRAPHIC
Nuno Sá, 36 anos, fotógrafo
Antes
Formei-me em Direito na Universidade Católica Portuguesa e
durante o curso tirei um outro de mergulho. Foi assim que tive o
primeiro contacto com a vida marinha. Quando acabei a licenciatura
mudei-me para os Açores com a ideia de desistir da advocacia e ter
uma vida em contacto com o mar. Seguir o sonho de me tornar fotógrafo
não era sequer um objetivo, estava demasiado distante. Por isso
comecei a trabalhar numa empresa de observação da vida marinha,
baleias e golfinhos, e entrei num curso de biologia marinha. Foi uma
volta de 180 graus. Levava os turistas a ver baleias e golfinhos,
como guia turístico, e fazia umas fotografias para oferecer às
famílias. Em 2008 fui premiado num concurso internacional, o Wild
Life Photographer of the Year, o que me trouxe muita visibilidade. E
foi isso que me permitiu desistir de tudo o resto e dedicar-me à
fotografia de natureza. Hoje tenho uma empresa de conteúdos, faço
fotografia e vídeo. Estou dedicado a tempo inteiro a esse projeto.
Depois
Abri a minha empresa graças a alguns apoios para emprego jovem da
União Europeia. Foi isso que me permitiu investir em novas
tecnologias. Atualmente, estou muito virado para o vídeo, faço
documentários sobre a vida marinha dos Açores e Madeira, mas
continuo com a fotografia, mantendo a minha colaboração com a
National Geographic. Pensar em seguir a fotografia foi uma decisão
difícil e arriscada, mas se não a tivesse tomado em 2008 nunca
conseguiria concretizar esse meu sonho.
Abri também uma empresa de apoio a equipas de produção que vêm
aos Açores fotografar e filmar a vida marinha. Foi o melhor que fiz:
equipar-me para fazer produções e dar apoio a quem viesse de fora
para o fazer - todos os anos chegam aqui profissionais para
fotografar a vida marinha dos Açores. O processo tem sido muito
dispendioso, a tecnologia está sempre a evoluir e para apresentar
conteúdos de topo temos de ter o material atualizado. Gasto alguns
milhares de euros, mas não vejo que outra vida me pudesse dar mais
gozo.
http://www.photonunosa.com/
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