Há uma tecnologia portuguesa que permite o rastreio por telemóvel dos doentes contaminados por covid-19. A CovidApp foi desenvolvida pela startup do Porto HypeLabs em parceria com o movimento Tech4Covid19 e que permite localizar telemóveis de forma anónima e mesmo que não haja localização à internet. Já está a ser implementada na Colômbia mas, por ser de marca branca, pode ser utilizada por governos de outros países.
A localização por telemóvel de doentes infetados pelo novo coronavírus é apontada como uma das medidas de rastreio mais importantes para conter o contágio desta pandemia e permitir o regresso gradual à normalidade ao longo dos próximos meses. Na semana passada, a Google e a Apple anunciaram uma parceria para desenvolver um software semelhante mas que apenas estará disponível em maio
Este sistema de rastreamento de contacto privado e anónimo deteta proximidade física entre smartphones e trabalha em conjunto com hospitais e governos para informar os utilizadores - mesmo aqueles sem conexão à Internet - acerca da probabilidade de exposição ao COVID-19, caso estes se tenham cruzado com alguém que já contraiu o vírus.
A CovidApp é uma aplicação que pode funcionar entre dispositivos com diferentes sistemas operativos (iOS e Android), que corre em segundo plano ou mesmo se o telemóvel estiver bloqueado. Não há acesso às bases de dados ou informações privadas dos utilizadores porque são utilizados números de identificação aleatórios.
A aplicação também funciona mesmo que não haja internet, graças à tecnologia de redes mesh, desenvolvida pela própria HypeLabs: os smartphones que tenham a app instalada poderão trocar sinais Bluetooth e Wi-Fi quando os dispositivos estiverem dentro do alcance um do outro.
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Se alguém tiver testado positivo para COVID-19, quem estiver em contacto próximo com essa pessoa será alertado para fazer o teste ou iniciar imediatamente uma quarentena preventiva.
Os portais Web para funcionários de saúde e do governo permitem que funcionários autorizados distribuam informações aos utilizadores finais, desde anúncios importantes até recomendações de saúde para contenção do vírus. Apenas pessoal médico autorizado pode interagir com o portal e atualizar o estado de saúde dos cidadãos testados.
Os registos desses “encontros” serão armazenados no dispositivo durante um período até 14 dias e, subsequentemente, enviados para um servidor central.
“Nunca ninguém verá as informações privadas dos utilizadores. Apenas o ID exclusivo do dispositivo é visível para as autoridades governamentais. A CovidApp pode ajudar cidades e países a reativar as suas economias o mais rápido possível”, sinaliza Carlos Lei Santos, cofundador e líder da HypeLabs, citado em nota de imprensa.
Em Portugal, o uso de metadados de telecomunicações para prevenir terrorismo já foi chumbado por duas vezes pelo Tribunal Constitucional por questões de privacidade.
A HypeLabs é uma startup do Porto que criou um sistema SDK, que permite que qualquer dispositivo possa comunicar mesmo sem ter rede de Internet. Em dezembro, fechou uma ronda de investimento de 2,7 milhões de euros.