Vamos falar (do sucesso) do iPhone X

Vamos então falar do vilipendiado, criticado, gozado e caríssimo (€1179) iPhone X. Depois da morte anunciada, o modelo dita tendências e surpreende.

O que é que define o sucesso ou insucesso de um smartphone global? O iPhone X tem sido alvo de várias críticas desde que foi lançado. O preço foi ridicularizado (1179 euros em Portugal), tal como o chamado notch – o entalhe, que recorta o topo do ecrã (que ocupa a face do telefone quase todo) - ou a ausência de botão Home e da leitura de impressão digital para desbloquear o iPhone X (feita pelo reconhecimento facial). Foi criticado também por chegar tarde a tecnologias que outros já tinham há anos.

O lado negro

Nos primeiros meses de 2018 surgiram novos dados que pareciam confirmar o flop comercial do modelo de celebração da Apple e aumentaram as críticas ao modelo. As vendas teriam ficado abaixo das expectativas e a produção iria ser cortada em mais de 50%. Depois surgiram notícias sobre como o iPhone X ia ser descontinuado – ou seja, não ia ter uma segunda geração – no final do ano, como resultado do seu falhanço nas vendas e da baixa procura que estaria a decrescer.

Vejamos as notícias que começaram a circular em janeiro deste ano e se prolongaram até abril (só houve números oficiais a 1 de maio):

Uma morte exagerada

E então, pode o iPhone X ser considerado um grande sucesso? A (minha) resposta é: sem dúvida. O iPhone X é um modelo vencedor a vários níveis - mesmo não sendo um smartphone perfeito (não é o melhor em alguns parâmetros como fotografia, bateria, entre outros). Há argumentos de sobra para suportar esta visão otimista e, muitos deles, foram revelados há poucos dias, a 1 de maio. Primeiro podemos tentar perceber, de forma breve, um dos fatores que, a nível noticioso, costuma tornar um smartphone bem-sucedido.

As expectativas é sempre um dos critérios que mais são tidos em conta. A Apple não costuma revelar as suas previsões, por isso, são acima de tudo os analistas de mercado a traçar esses cenários. Mas se olharmos para o que é o iPhone X (não esquecer que, para a Apple, se lê “10” e não “x”), também percebemos que é um produto diferente de tudo aquilo que a Apple já fez. É o terceiro iPhone a ser lançado em simultâneo, no final do ano passado - é o modelo premium dos premium. Foi apresentado em setembro ao lado dos iPhone 8 e 8 Plus, mas só foi lançado em novembro.

Depois, é um telefone de celebração dos 10 anos do primeiro iPhone e, por isso, um lançamento diferente de todos os outros para a marca de Cupertino. Com o X, a Apple mostra aquilo que pensa que vão ser os próximos passos do seu principal negócio (o iPhone). Além disso, lançou o seu rei dos iPhone a pensar naqueles que querem navegar na crista da onda da marca, sem olhar a custos (embora existam formas, com contratos com operadoras, de reduzir o preço final). Quem o usa, tem de se habituar cada vez mais ao uso do smartphone baseado nos gestos (que traz algumas vantagens) e cada vez menos botões físicos para “passear” pelo sistema operativo iOS.

Contextos à parte, os dados revelados a 1 de maio sobre as vendas nos primeiros três meses do ano revelam, afinal, boas notícias para o iPhone X e para a Apple:

Ao contrário das expectativas catastróficas dos analistas, as vendas do iPhone cresceram 2,9% - 52,2 milhões de unidades vendidas nos primeiros três meses do ano.

O mercado indica que o iPhone X não é assim tão caro.

O iPhone X é o iPhone mais vendido no início do ano (custa 999 dólares nos EUA e 1179 em Portugal – mais cerca de 300 euros do que o iPhone 8).

Tim Cook parece ter respondido assim aos analistas: “os clientes escolheram o iPhone X mais do que qualquer outro telefone no primeiro trimestre do ano”.

Um relatório da empresa de pesquisa de mercado Strategy Analytics indica que o iPhone X terá sido o telemóvel mais vendido no mundo nos primeiros três meses de 2018 (16 milhões de unidades), seguido pelo iPhone 8 (12,5), iPhone 8 Plus (8,3), iPhone 7, Xiaomi Redmi 5A, Samsung Galaxy S9 Plus.

Os primeiros meses do ano revelaram quedas recorde nas vendas de smartphones em geral (indica o Financial Times) e resultados preocupantes para HTC, Sony e LG. A Samsung, de acordo com a revista Wired, tem vendido menos unidades do Galaxy S9 no seu mercado natal, a Coreia do Sul, do que vendeu S8 em 2017. Parece tendência clara que as pessoas compram com menos frequência smartphones (não trocam durante uma média de três anos).

O telefone que (quase) todos imitam

Tornar certas características uma moda também é um sinal de sucesso para o X. Se há mérito que o primeiro iPhone, de 2007, teve foi precisamente de marcar uma tendência global para todos os smartphones, não só de design como de experiência de utilizador, com o uso de Apps e a importância da câmara – só mais tarde se aprimorou a tecnologia. O iPhone X, à venda desde o final de 2017 (esteve esgotado durante semanas em Portugal em dezembro e janeiro), passou de criticado a imitado de forma quase imediata.

A Samsung e o seu Galaxy S9 e S9 Plus foi das poucas marcas que não se rendeu a algumas tendências do iPhone X, até porque já tinha surgido em 2016 com o S8 com ecrã infinito (que ocupa praticamente toda a face do smartphone) e manteve-se fiel a um modelo que deu bons resultados.

Estes são os smartphones que adoptaram o outrora criticado notch (ou entalhe): Huawei P20 e P20 Pro, Asus ZenFone 5 e 5Z, Honos 10, Oppo R15, Oppo F7, Vivo V9, Vivo X21, Oneplus 6, LG G7 ThinQ, entre outros.

Todos se vão imitando, é certo. O próprio iPhone chegou tarde a várias características que modelos da Samsung e de outras marcas já têm há anos. O que o iPhone X devolveu à Apple foi alguma da 'magia' de marcar o caminho futuro, que a empresa criada e impulsionada por Steve Jobs, parecia ter perdido em modelos recentes e, isso, também é sucesso.

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