Eurovisão: “Maior espetáculo de sempre” traz luzes-robô e inovação

Falámos com um dos produtores executivos do Festival da Eurovisão sobre o espetáculo “mais barato das últimas 10 edições” repleto de tecnologia.

“Não há nada comparável”. Quem o diz é Paulo Resende, um dos produtores executivos do Festival da Eurovisão, que decorre pela primeira vez em Portugal. O Dinheiro Vivo foi à Altice Arena falar com o responsável que garante que este é “o maior espetáculo televisivo de sempre na Altice Arena e em Portugal” - veja o vídeo.

Os números enchem o olho: 250 camiões que trazem material topo de gama – têm de vir a conta a gotas porque não podem chegar ao mesmo tempo –, existem mais de 250 técnicos para as três emissões televisivas, 200 km de cabos espalhados pelo pavilhão e a 'teia' no teto teve de subir de 20 para 25 metros de altura pela primeira vez para poder albergar 220 toneladas de equipamento (um investimento que vai permanecer na Altice Arena.

A emissão de 12 de maio (as meias-finais são dia 8 e dia 10) vai chegar “a mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo” e, este ano, vai ser difundido nos Estados Unidos e na China. “Temos pedidos de cadeias de televisão chinesas para terem cabines de som cá para comentaram ao vivo”, diz Paulo Resende, que garante que este festival supera a Superbowl norte-americana e, em audiência, só fica atrás da final da Liga dos Campeões.

As previsões estimam que cheguem a Lisboa, diretamente ligadas ao Festival, cerca de 50 mil pessoas – só cinco mil serão dos media. “Na noite em que o Salvador Sobral ganhou na Ucrânia o Festival da Eurovisão, passados 12 minutos do triunfo já um dos hotéis do Parque das Nações tinha esgotado as reservas para as semanas prováveis de realização do festival em 2018”, explica o responsável.

Luzes-robô, painéis mágicos e edição vídeo automática

Paulo Resende, há vários anos na RTP e responsável por vários espetáculos, inclusive as últimas edições do Festival da Canção, nunca tinha visto um espetáculo televisivo desta dimensão que será o maior desafio da sua já longa carreira. “Tudo o que está aqui dentro é em quantidades astronómicas e, depois, temos o melhor que a tecnologia tem para oferecer e vamos mesmo experimentar algumas inovações que ainda não estão sequer à venda”, explica o responsável português.

Atrás do palco, ao contrário do que tem sido habitual, já não haverá um ecrã gigante mas uma “enorme parede” com painéis modernos chamados Magic Panels. “São 350 quadrados de iluminação que criam texturas diferentes para cada canção, graças a milhares de LED programados para agir de formas diferentes”, diz Paulo Resende que admite que internamente lhe chama a Parede da Morte, pela dimensão.

Espalhadas pelo pavilhão também estarão mais de 2300 luzes-robô – luzes que se movimentam de forma sincronizada, criam formatos peculiares. “Vão estar envolvidas em cada performance e vão permitir dar ao espetáculo uma dimensão e espetacularidade surpreendentes”, explica o produtor executivo.

E como funcionam? “São operadas remotamente e já foram pré-programadas. Fizemos esse trabalho no Pavilhão de Portugal, com 14 mesas de luz, todas interligadas, para programar a iluminação de todas as músicas”. O trabalho envolve alguma cenografia virtual, “temos representação de todo o cenário e automação e depois criamos todo o panorama de luz”, algo que permite aos técnicos e ao chamado designer de luz ter uma visão muito aproximada do resultado por todo o espetáculo.

O cenário também usa um sistema automatizado, que combina com o teto da Altice Arena, que parece um esqueleto de navio e que vai permitir mudar o figurino de atuação em atuação de forma rápida e quase sem intervenção humana.

Paulo Resende destaca também os focos de iluminação automáticos. São 17 que vamos ter, operados com comando à distância e isso tira à organização um problema de segurança, porque antes era tudo feito com pessoas penduradas na teia suspensa do teto.

O espetáculo é gravado em HD e o áudio será em 5.1. “Estamos também a testar para o futuro soluções de Immersive Audio, que é mais uma camada que existe para dar uma envolvência superior no som, mas que ainda não vai ser possível difundir para as casas das pessoas”, explica o responsável.

Existe ainda um software de edição automática, chamado Cue Pilot que funciona como o piloto automático dos aviões, que permite programar uma edição automática em tempo real do espetáculo. “É muito detalhado ao ponto dos operadores receberem indicação do sistema sobre o tempo que vai demorar o plano que estão a filmar”, revela Paulo Resende.

E quanto custa? Menos do que os anteriores.

Os custos “são gigantescos” porque o evento “é muito mais do que as três emissões televisivas”, ao ponto da Altice Arena ser pequena para o evento. Daí que o Pavilhão de Portugal seja para o Media Village e sejam precisas várias estruturas de apoio fora da Altice Arena. “O nosso compromisso face à realidade do nosso país é ir fazer o Euro Festival mais barato dos últimos 10 anos”.

Paulo Resende quer a maior eficiência possível, embora não possa avançar valores. O ano passado, tudo indica que o Festival da Eurovisão na Ucrânia custou 18,5 milhões de euros. O recorde de gastos foi de 55,6 milhões de euros, no Azerbeijão, em Baiku em 2012 porque incluiu a construção de pavilhão.

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