F8. Plano do Facebook passa pela inteligência artificial e realidade virtual

Estivemos na conferência F8 do Facebook, em São Francisco, e vimos como Mark Zuckerberg vai pôr-nos a conversar com robôs no Messenger

Horas depois de uma das mais excitantes apresentações de Mark Zuckerberg sobre o futuro do Facebook, em São Francisco, fomos à zona de testes da conferência F8 experimentar os bots de inteligência artificial que a rede social estreou no Messenger. São robôs capazes de conversar com os consumidores, fazer encomendas ou dar suporte, e os primeiros já funcionam - há um da marca de moda Spring, outro do jogo Stories on Sequel, da HP, e outro do The Wall Street Journal. “De que é que está à procura? Utilize algumas palavras para me dizer o que gostaria de explorar”, escreveu o robô da CNN ao ser ativado.

Ao pedido “Portugal”, o bot devolveu artigos sobre olheiros do Manchester United atentos a futebolistas portugueses. Mas depois de digitar “Dinheiro Vivo”, ficou perdido. Devolveu um “`\_(“/)_/` Tente outra vez?”. Ficou claro que a interatividade destes bots ainda é limitada. No entanto, é o primeiro passo de uma tecnologia bastante promissora.

Foi o que disse ao Dinheiro Vivo Christian Feld, responsável do laboratório digital da seguradora alemã Ergo. “Os novos bots são muito interessantes para nós. Estamos a testar os produtos que serão mais adequados”, explicou, sublinhando que o Facebook é um grande parceiro da empresa. “É engraçado para o cliente interagir com um bot. Estou convencido de que, com produtos mais pequenos e fáceis de explicar, os bots serão o futuro”, sublinhou.

Zuckerberg acha o mesmo. “Nunca conheci ninguém que gostasse de ligar a uma empresa, e ninguém quer instalar uma aplicação para cada novo serviço de que precisa”, disse o CEO na F8. “Todos devem poder enviar uma mensagem a uma empresa tal como enviam mensagens aos amigos.” Para isso, a rede social criou a Messenger Platform, e os programadores que quiserem desenvolver o seu bot já podem fazê-lo. Os 900 milhões de utilizadores do Messenger também podem descarregar a versão 66.0, que ficou disponível nesta semana, e testar os robôs mensageiros.

O diretor de pesquisa da Counterpoint Research, Neil Shah, diz que este é um passo na direção certa. “Aplicar inteligência artificial e machine learning para interagir de forma mais personalizada com os seus utilizadores, aprender mais e registar os seus gostos, hábitos e comportamento, é uma ferramenta muito poderosa para tornar a plataforma mais envolvente, inteligente e à medida. É ótimo para os anunciantes”, explica ao Dinheiro Vivo.

Christian Feld confirmou, referindo que a Ergo vê como cada vez mais rentável a aposta nos anúncios da rede social em detrimento dos da plataforma Google. Neil Shah acrescenta: “O Facebook é uma plataforma de interação social, mas com o modelo de negócio da publicidade no centro do seu ADN.”

A revolução em vídeo

Mark Zuckerberg quer que os utilizadores passem mais tempo no Facebook, e é por isso que o vídeo assume uma importância vital. A rede social descobriu, por exemplo, que as pessoas veem os vídeos ao vivo por mais tempo e comentam dez vezes mais. “O vídeo tornou-se o principal tipo de conteúdo a criar interações significativas, e a mudança para os vídeos 360º e realidade virtual vai tornar a plataforma mais envolvente e aumentar a adesão”, indica Neil Shah.

No segundo dia do evento, o diretor de tecnologia, Mike Schroepfer, reconheceu que uma das coisas que limitam a explosão dos conteúdos 360º é a dificuldade de os filmar. “A magia está no software”, declarou. Foi por isso que a empresa criou a Surround 360, um sistema em formato nave espacial com 17 câmaras e software de fusão das imagens (conhecido como stitching) cujo design será disponibilizado sem custos.

“Não queremos necessariamente ser fabricantes de câmaras, mas achamos que ao partilhar a pesquisa, a inovação, o design destes sistemas outros poderão agarrar neles, explorá-los, melhorá-los e fazer coisas que nós nunca pensaríamos”, diz ao Dinheiro Vivo o diretor da equipa de Open Source do Facebook, James Pearce. “Achamos que vai permitir às pessoas criar experiências 360º mais imersivas e partilhá-las. No fim de contas, essa é a missão da empresa: permitir às pessoas ligarem-se umas às outras e partilharem experiências.”

O que o Facebook quer agora é que mais empresas desenvolvam estas tecnologias e permitam aos utilizadores estarem dentro das mesmas cenas, mesmo a milhares de quilómetros uns dos outros. Uma visão que está a deixar os anunciantes a salivar. O potencial é tremendo, e Neil Shah considera que foi um golpe de mestre da rede social. “O Facebook ofereceu-nos uma pequena visão do que será a transformação para a realidade virtual social.”

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