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Duplicar o negócio em cinco anos é a meta da Llorente & Cuenca (LLYC). E para atingir os 100 milhões de receitas ambicionados, a consultora de comunicação do Netflix, da Repsol, da Leroy Merlin ou da Sonae Sierra e Sonae Arauco planeia aquisições na área da consultoria de comunicação, marketing e data digital ou criatividade. Portugal é um dos mercados onde quer reforçar por essa via. "Vamos estudar oportunidades de aquisição e integração de negócios em todos os nossos mercados e em Portugal também", José Antonio Llorente, sócio fundador e presidente da LLYC. "Em Portugal temos uma operação com capacidade para desenvolver mais. Já fizemos a aquisição e integração da Imago e queremos ir para a segunda. Claro que, para haver casamento, é preciso haver dois."
No ano passado, os 12 mercados onde a consultora está presente - além de Portugal opera na Argentina, Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro), Colômbia, Chile, Equador, Espanha (Madrid e Barcelona), Estados Unidos (Miami, Nova Iorque e Washington DC), México, Panamá, Peru e na República Dominicana - geraram 44,3 milhões de euros de receitas, um EBITDA recorrente de 8,5 milhões, abaixo dos 48 milhões obtidos em 2019. "A diferença tem mais a ver com os câmbios dos países da América Latina. Em moeda constante, os resultados em 2020 estariam em linha com 2019. A crise pandémica afetou muito as economias do Brasil e do México e os câmbios", justifica o gestor. As operações na América já pesam 52% nas receitas e as da Europa 48%. Destaque para os crescimentos da Argentina (20%), da Colômbia (8%) e Portugal (9%).
E o objetivo é continuar a crescer neste ano: "O nosso primeiro trimestre vai ser bom, melhor do que esperávamos, em toda a empresa, em particular na Europa", afirma. "Os resultados de 2021 serão melhores do que 2020, não tenho dúvidas", o trampolim para a duplicação de receita. "Temos um plano estratégico para duplicar a dimensão do negócio em cinco anos. Vamos investir para fortalecer a nossa organização em várias dimensões, por exemplo, tecnologia; adquirir negócios de comunicação, que tenham uma base em tecnologia", diz o presidente da LLYC. "Vamos investir em negócios que tragam para o nosso mix de oferta criatividade e vamos fortalecer as nossas capacidades locais, para ter uma equipa mais forte e mais diversa, com mais capacidade para abordar os mais diferentes problemas dos clientes", garante.
No ano passado, a agência adquiriu a consultora Diplolicy, especializada em assuntos públicos, relações institucionais e análises de inteligência competitiva, entrou no capital do gabinete de incidência pública beBartlet e, em dezembro, adquiriu 90% da Factor C Comunicaciones, no Chile, duplicando a sua quota no mercado chileno, onde opera desde 2014.
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Política de aquisições que quer continuar neste ano. "Procuramos negócios que têm complementaridade connosco. Mas, no caso de Portugal, dá para encontrar negócios que nos ajudem a ganhar dimensão. Em Portugal, temos a possibilidade de crescer com negócios diferentes, mas também dá para consolidar com negócios que sejam parecidos. Em Portugal é fácil ter uma empresa com 50 consultores", diz. Dos 600 consultores da LLYC, 24 estão em Lisboa, tendo no ano passado a empresa feito 173 contratações, das quais três em Portugal.
"A ambição é duplicar a dimensão em cinco anos e Portugal quer acompanhar esse ritmo de crescimento. No ano passado, o contexto pandémico fez com que todos nos tivéssemos de dedicar muito à gestão do nosso negócio, era difícil olhar a médio prazo. Estamos no timing certo de retomar algumas dessas conversas, se calhar, abrir algumas novas", diz Tiago Vidal, sócio e diretor geral da LLYC em Portugal. "Temos a ambição de, até ao final do ano, estarmos em pelo menos um namoro mais sólido, não sei se um casamento. No mundo dos negócios, ao contrário da vida real, é normal na fase de namoro namorarmos com vários".
"Este é um negócio de pessoas, não estamos a comprar uma fábrica, estamos a juntar capacidades, equipas, pessoas, com uma filosofia e forma de ver a comunicação de hoje e do amanhã, é muito importante esse entendimento. Daí serem importante essas conversas, esse namoro, para depois chegarmos a um casamento de sucesso", reforça Tiago Vidal.
Perspetivas
José Antonio Llorente admite que já têm uma "lista de favoritos" - que não revelou - e que no setor da comunicação em Portugal há "capacidade para consolidar". "Procuramos sócios para partilhar um projeto profissional, mais forte e competitivo, mais capaz de enfrentar os desafios dos clientes", afirma. "Somos uma empresa de sócios, de parceiros, é o nosso modelo. Começamos a empresa com dois sócios e hoje somos 23. Quando digo que vamos duplicar o negócio da empresa em cinco anos, significa que em cinco anos vamos ser 45 a 50 sócios".
O presidente da LLYC não revela o valor que tem previsto para ir às compras. "Se projetarmos o crescimento orgânico da companhia a 5 anos colocamos as receitas da empresa em 75 a 80 milhões, a diferença para os 100 milhões são em aquisições. Temos de adquirir negócios entre 25 e 20 milhões nos próximos anos para cumprir o nosso plano", explica.
"Temos uma boa situação financeira: terminámos 2020 melhor do que começámos, não recorremos a nenhuma das ajudas do Estado, temos um private equity no capital, capacidade para recorrer a credito bancário e outras alternativas. Suficientes para desenvolver o nosso projeto."