- Comentar
Na frente da diplomacia ganha peso a comunicação não-verbal em tempos de guerra. As regras protocolares, quer para os líderes políticos, quer empresariais, são fundamentais na atividade diplomática. Perante as preocupações centradas na Europa, desde que a Rússia invadiu a Ucrânia e o impacto, que tal, provocou nas cadeias de abastecimento, na escassez de matérias-primas e no aumento generalizado de dificuldades, pela escalada do custo de vida, a arte de negociar tem que ser aprimorada.
Relacionados
Porto apoia evento que traz retorno superior a oito milhões à região
Em termos de comunicação existe uma Phillip Morris antes e outra depois de Marian Salzman
Para cortar a meta de carbono zero é preciso empenho de todos e partilha de ideias
Isabel Amaral, especialista em Protocolo defende que todos os pormenores contam na análise, seja do que for, cabendo aos líderes desenvolverem networking, para motivarem equipas para objetivos, tornando-se imperativo debater o tema, satisfeita que a liderança do futuro seja o tema do evento, em que já foi oradora e que volta a juntar vários especialistas nacionais e internacionais em junho na Exponor.
A professora, empresária, consultora e formadora, exemplifica a importância da reflexão sobre os modos de agir dos líderes com acontecimentos recentes. Qualquer pormenor importa! Afirma, dando exemplos.
Começa por falar da visita da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a Kiev, que se vestiu com as cores da bandeira da Ucrânia, perante um Volodymyr Zelensky que não abandona o traje de líder em guerra, na data de celebração do dia da Europa, que coincidiu com o discurso de Vladimir Putin, nas celebrações do dia da Vitória da Rússia.
Depois de ouvir uma colega especialista em análise corporal, concorda com a ideia de que a expressão facial do líder russo e os seus gestos, desta vez, indicam que deu sinais diferentes. Revelaram um Putin inseguro, nervoso, desconfiado, bem diferente dos sinais que mostrou ao mundo, desde o início do conflito, quando aparecia no topo da longa mesa presidencial do palácio do Kremlin, sempre que recebia um presidente estrangeiro, ou, o próprio secretário-geral da ONU, António Guterres.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Para esta especialista são sinais que transmitem mensagens importantes, no atual contexto e como ex-estudante londrina, destaca ainda o protocolo milenar usado na coroação do Rei Carlos III de Inglaterra, que convenceu milhões de pessoas a participar e a esquecer, por momentos, as dificuldades do dia-a-dia.
Considera, por isso, que as regras protocolares e a comunicação não-verbal são importantes nas relações sociais, culturais e económicas e distinguem os lideres, sejam políticos, empresários, ou, gestores de qualquer tipo de instituição. Fornecem informação em momentos-chave da história da humanidade, como os que estamos a viver.
Isabel Amaral foi consultora de Cavaco Silva entre 1986 e 1995. Tem sido também consultora de vários governos, desde Cabo Verde, a Angola, ou Namíbia, acompanhando as diferentes formas de relacionamento protocolar. É ainda professora em várias instituições académicas nacionais e internacionais e vai percorrendo o mundo a dar formação neste domínio dos estudos protocolares. É essa experiência que a leva a sublinhar a importância de se debater esta temática e a sublinhar ainda, o papel relevante da liderança no feminino, por considerar que as mulheres (pela capacidade inata na gestão familiar) têm ferramentas de motivação dos outros, até nas empresas. São capazes de unir equipas e mobilizá-las para causas, ou objetivos comuns.
Isabel Amaral é ainda presidente Emérita da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo que fundou em 2005 e investigadora do Instituto do Oriente (ISCSP-Universidade de Lisboa), desde 2013.
Na sua página eletrónica oficial apresenta-se como oradora internacional, empresária, coach executiva, docente em universidades portuguesas e estrangeiras, palestrante e conferencista, em temas como Imagem, Protocolo e Comunicação Multicultural.
Como formadora de protocolo, imagem e comunicação intercultural, assegurou a organização e monitoria de diversos cursos em Portugal, Angola, Cabo Verde, Namíbia. Espanha, Bélgica, Países Baixos e República Popular da China.
Como oradora, proferiu conferências e palestras em Portugal, Argentina, Bélgica, Brasil, Espanha, Federação Russa, Hungria, Itália, Países Baixos, Peru, República dos Camarões, Reino Unido e República Popular da China.
É autora dos livros "Imagem e Sucesso" (Casa das Letras, Leya) e "Imagem e Internacionalização" (Editorial Verbo) e coautora da "Enciclopédia de Relações Internacionais" (D. Quixote) do "Cerimonial para cerimonialistas" (CNCP- Brasil) e de "Protocol to Manage Relationhips"(AUP, Países Baixos).
Colabora com diversas publicações nacionais e internacionais. É mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Lisboa (ISCSP).
Escreve que qualquer pessoa ao começar a trabalhar numa empresa nova deve estar consciente que os primeiros tempos vão ser dedicados não só a trabalhar intensamente para provar o seu valor, mas, também, a estudar o ambiente à sua volta para melhor se poder integrar.
Para Isabel Amaral, a imagem não é apenas uma representação visual, mas uma abstração intelectual, a ideia que fazemos ou a opinião que temos sobre determinada pessoa. O conceito de imagem pessoal, seja no sentido da perceção que os outros têm de nós, seja no sentido daquilo que somos na realidade, é uma obsessão dos nossos dias.
No mundo de hoje, mais do que nunca, para que qualquer empresa continue a crescer, esta especialista considera que precisa de estabelecer e manter bons relacionamentos com todos os seus stakeholders (partes interessadas). Mas o tempo e os recursos são limitados. Temos de fazer escolhas baseadas no grau de relacionamento que se quer ter com cada um deles.
Isabel Amaral esclarece ainda que, em Portugal, a maioria das pessoas confunde o protocolo com a etiqueta e as boas maneiras. É uma confusão natural apesar de as "boas maneiras" terem mais a ver com a cortesia, do que com o protocolo. Mas não nos podemos esquecer que a cortesia, considerada como o código de comportamento do cortesão, do homem de corte, foi, na sua origem, um protocolo de Estado.
Deixa a pergunta: o que não pode falhar em tempos de comunicação de crise? Depois de um ano inteiro a assistir a comunicados e conferências de imprensa sobre a pandemia, considera que todos estamos conscientes de que muitos erros foram cometidos em termos de imagem pelos diversos protagonistas. Conclui que, é sabido que em comunicação de crise, quanto menos pormenores para distrair a atenção dos espetadores, melhor.