Modern Work(place) - o meio para sermos (e termos) os melhores!
O contexto pandémico veio acelerar os desafios da digitalização, designadamente na desmaterialização dos processos de negócio, na optimização da comunicação interna, e na necessária partilha e interacção no seio das empresas, mesmo naquelas com fortes aparelhos produtivos e processos manuais. As vantagens do acesso remoto à informação tornaram-se ainda mais evidentes durante o ano de 2020, em todos os cenários de trabalho - presencial, remoto e híbrido.
O próprio acesso à informação (em qualquer lado e a qualquer momento) e a disponibilização de ferramentas apropriadas de comunicação e de gestão do conhecimento revelou-se, em si mesmo, uma vantagem competitiva. Durante as primeiras semanas de confinamento, muitas organizações levaram a cabo rápidas adaptações e transformações com o propósito de manter a operacionalidade, numa tentativa de promover a colaboração intra e entre equipas.
Contudo, nem sempre a dimensão humana e cultural das organizações foi inicialmente considerada. Perderam-se conversas formais (ex. formação on job, comunicados colectivos) e mesmo contactos informais (ex. os da copa, elevador ou corredor), e com eles toda uma dimensão de partilha e difusão de conhecimento com impactos a prazo ainda difíceis de calcular.
O átrio das empresas deve por isso passar a ter também uma dimensão virtual e assumir-se como a ligação mais forte na dinamização da cultura organizacional, para a saudável promoção da colaboração entre as pessoas, e por onde flui eficazmente a comunicação - quer seja de cima para baixo, de baixo para cima, entre pares, de um para um, de um para muitos, de muitos para muitos, síncrona ou assíncrona, temática ou multi-assunto, a toda a hora e em diferentes localizações geográficas.
Com o aumento do trabalho à distância, os desafios já instalados ganham maior relevância. Pedem-se por isso soluções que permitam alavancar o crescimento e a valorização da pessoa, enquanto indivíduo e profissional, potenciando a sua autonomia, desenvolvimento e responsabilização, com óbvios impactos no desempenho (pessoal e organizacional).
Nesta nova onda de transformação ganha destaque o conceito de modern workplace. A empresa deve agora, mais do que nunca, promover a comunicação e a colaboração, a capacidade de envolver os colaboradores, de motivar as equipas e criar ecossistemas multidisciplinares em torno de projetos colectivos e interesses individuais, em alinhamento permanente com as tendências da indústria e as prioridades da própria organização - o que é sempre um equilíbrio complexo.
É deste ambiente muito próprio que cada organização oferece aos que nela e com ela interagem que emergem as suas próprias vantagens competitivas. A cultura da empresa é fundamentalmente fruto dos que nela "vivem" - desde as lideranças aos frontline workers - e é cada vez mais relevante considerando que as organizações já não estão confinadas a espaços físicos estanques ou tradicionais, tendo-se expandido para o território emocional dos colaboradores (internos ou externos, regulares ou esporádicos, juniores ou experientes).
Cabe, portanto, a todos e a cada um, o papel principal na criação e enriquecimento da cultura empresarial com significativas doses de energia positiva. Temos urgentemente que endereçar os desafios da modernização e aceleração digital das organizações, em particular abrindo pistas para a transformação da forma de trabalhar - cultura empresarial e relações humanas - neste contexto que tende a ser cada vez mais volátil e de difíceis simetrias. Só assim podemos aspirar a ser melhores e ter connosco os melhores.
Gustavo Leitão, head of DiggSpace na Create IT // O autor escreve de acordo com a antiga ortografia