A economia portuguesa está num processo de internacionalização crescente, com o máximo histórico na intensidade exportadora, já próxima de 45%. A bem do país, em face da dimensão do mercado nacional, este é um trilho que não poderá ser interrompido.
Como tenho afirmado reiteradamente, as exportações, a par do investimento, privado mas também público, são essenciais na trajetória de crescimento sustentável.
A globalização dos mercados, a diminuição do ciclo de vida dos produtos e a externalização de atividades (produção e distribuição) conferem à área do transporte e logística importância estratégica.
Uma boa e eficiente cobertura destas áreas, que permita assegurar uma rapidez dos fluxos ao mais baixo custo, é determinante para o acréscimo da capacidade concorrencial das empresas nos mercados internacionais.
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No contexto de recursos financeiros escassos, temos de ser muito criteriosos e implacáveis na definição das prioridades estratégicas, necessariamente com o foco no suporte à competitividade e internacionalização.
No topo do investimento público prioritário deverá estar a construção do novo Corredor Internacional Norte de transporte ferroviário de mercadorias Aveiro-Salamanca, ligando os portos portugueses aos principais mercados.
Refiro novo corredor porque o que está atualmente planeado - a modernização da linha da Beira Alta - não serve e não é competitivo, é apenas uma solução a curto prazo que não permite assegurar a melhor ligação entre as regiões com a maior fatia da nossa base exportadora e esses mercados. Norte e Centro representam 60% das exportações de bens.
Em termos técnicos, diria que a questão não é tanto a bitola, que poderá ser ibérica ou europeia, mas terá sempre de garantir a migração paraeuropeia. Terá também de ser um corredor de grande capacidade, necessariamente em via dupla.
Estou convicto de que o Programa Nacional de Investimentos 2030 poderá ser a última oportunidade para Portugal desenvolver uma alternativa competitiva de transporte terrestre de mercadorias na ligação aos seus maiores mercados, promovendo simultaneamente a sustentabilidade energética e ambiental, aliás, uma orientação estabelecida a nível europeu.
Ainda vamos a tempo de não cometer este enorme erro de planeamento estratégico de médio e longo prazo. Não percamos este comboio!
Presidente da Associação Empresarial de Portugal