Vivemos uma pandemia global. Os números são o que são. Hoje, somos 7.839.437.960 pessoas neste planeta extraordinário. Ao mesmo tempo, entre todas estas pessoas, como nós, temos 94.602.745 pessoas infetadas pelo, comummente falado coronavírus, equivalente a 1,2% da população mundial. Contudo, desses infetados 67.539.634 pessoas já se curaram, equivalente a 71% dos infetados, tendo, infelizmente, morrido 2.023.807 pessoas, equivalente a 2,1% das pessoas infetadas e 0,025% da população deste nosso Mundo. Estes são os números reais de hoje de acordo com a worldmeters.info.
E em Portugal, como estamos? De acordo com os últimos dados recebidos quer pelo ourworldindata.org como pela própria ONU, o nosso País seria hoje o País com mais casos confirmados da nossa Europa e no pódio dos Países do Mundo. De acordo com coronavirus.rr.sapo.pt, até agora, Portugal registou 539.416 casos positivos confirmados, equivalente a 5,3% da população nacional, dos quais 402.542 desses casos estão recuperados, equivalente a 74,6% dos caso positivos, e registando, infelizmente, 8.709 mortes desde janeiro de 2020, equivalente a 1,6% dos casos positivos confirmados e a 0,085% da população nacional (considerando a população nacional de hoje de 10.163.545, de acordo com o countrymeters.info).
Por outro lado, de acordo com o pordata.pt, nos últimos 20 anos morreram em média por ano 86.865 pessoas em Portugal, das quais, no mesmo período e média, 35.191 pessoas morreram por doenças do aparelho circulatório (equivalente a 40,5% das mortes médias anuais ocorridas no mesmo período), 24.262 pessoas morreram por tumores malignos (equivalente a 27,9% das mortes médias anuais ocorridas no mesmo período), 4.283 pessoas morreram de diabetes (equivalente a
4,9% das mortes médias anuais ocorridas no mesmo período), 3.757 pessoas morreram por acidente (equivalente a 4,3% das mortes médias anuais ocorridas no mesmo período) e 11.532 pessoas morreram por doenças do aparelho respiratório (equivalente a 13,2% das mortes médias anuais ocorridas no mesmo período) mas também morreram, no mesmo período, 8.709 pessoas por covid-19 - (equivalente a 10% das mortes médias anuais ocorridas no mesmo período).
Importa, ainda, ressalvar, que, hoje, em Portugal e em praticamente todos os Países Europeus, independentemente da causa efetiva da morte de cada pessoa se, no fim, testa covid, a causa é irrelevante e o que conta é o covid. Isto é, se eu cair de mota e me passar um carro por cima e morrer, uma fatalidade, mas se depois testar positivo, a causa da minha morte não será a queda e atropelamento fatal, será a covid.
Por outro lado, apesar da intensidade noticiosa e governativa, poderemos constatar que, hoje, de repente, o Mundo parou devido a um impacto mortífero mundial equivalente a 0,025% da população mundial. E que o nosso Governo nada faz (porque tudo é um limbo) devido a um impacto equivalente a 0,085% da nossa população nacional. Fará, mesmo, sentido? Será lógico?
Penso que não. Penso, sinceramente, que nos estamos a suicidar. Quer em termos emocionais, pois os nossos avós e geração do saber e da história crucial para percebermos o presente e futuro está isolada e em pânico, a viver os dias de ouro que lhes possam faltar sem afeto, sem família, sem amor e sem paz. Porque a geração ativa, de que faço parte, crucial para o futuro do nosso País, começa a ficar deprimida, desmoralizada e a hipotecar a sua vida. Porque a economia, crucial para as nossas vidas, está frágil, endividada, impaciente e em standby. Mas pior, porque muitos de nós, a grande maioria, o equivalente aos 90% das mortes, pelo menos em Portugal, já não são a prioridade.
Mas que loucura! Porquê? Para quê? Tudo isto, fará, mesmo, sentido?
Apesar destes números a comunidade científica, os media e os médicos todos os dias relatam casos inacreditáveis e desumanos sobre a situação de saúde pública que estamos a viver. Muito diferente dos números reais e contextualizados que devemos conhecer. Mas, afinal, o que se passa mesmo? Já não tivemos surtos de gripes e outras patologias que sufocaram o nosso serviço nacional de saúde?
Não estaremos perante um problema nacional crónico de falta de capacidade e/ou planeamento? Ou, até, em face do receio de incapacidade do nosso serviço nacional de saúde já em março/abril de 2020, altura em que vivíamos com números irrisórios face à situação atual, mas que os media e os comentadores nos alertavam para tudo estar falido e em rutura, afinal, não estamos a conseguir responder? E porquê que não nos preparámos para o inverno sempre duro e mais intenso?
Por fim, ou o retrato da situação se consubstancia nos dados e números existentes e, de facto, estamos a matar os Portugueses e as nossas famílias por isolamentos e morte económica sem razão; ou estamos perante, afinal, um caso muito sério e então este estado de emergência com mais de "setenta" exceções é insuficiente e uma enorme irresponsabilidade. Pois, se, afinal, os dados forem outros, então que se feche tudo, se compense tudo, durante o tempo necessário, e que o exército venha para rua para nos garantir a segurança e isolamento exigido. Espero, sinceramente, se assim for, que a nossa Governança não esteja à espera das eleições presidenciais para atuar em conformidade.
Há qualquer coisa em tudo isto que não bate certo. Ou estamos todos estúpidos ou somos governados por incompetentes.