O setor imobiliário tem estado particularmente ativo nos últimos anos e é expectável que tal se mantenha para 2023. Mas esse dinamismo pode-se manifestar de diferentes formas, e a grande questão que se impõe é: quais serão as grandes tendências que vão marcar o ano?
Cada vez mais, a sustentabilidade deve ser uma preocupação para todos, pelo impacto que terá no futuro, mas não só. Também há vantagens a nível financeiro. Por isso, é importante que, ao comprar uma nova casa, se tenha em conta qual é a certificação energética da mesma, já que tal terá reflexos a longo prazo. Mas é também possível melhorar a eficiência energética da casa atual e, neste sentido, acredito que esta será uma das principais tendências: a reabilitação imobiliária.
Há duas motivações essenciais que podem ser combinadas. Por um lado, a questão financeira, já que é mais acessível adquirir um imóvel para reabilitar. Trata-se de um tipo de negócios atrativo também para investidores, que podem colocar estes imóveis no mercado mais tarde, valorizando, assim, os mesmos. Além disso, a reabilitação e a sustentabilidade andam, muitas vezes, lado a lado, pois, ao reabilitar a casa, podemos melhor a eficiência energética e reduzir as emissões de um imóvel, enquanto reduzimos as faturas de energia.
A outra tendência será a continuidade do investimento estrangeiro no imobiliário em Portugal. O nosso país tem conquistado cada vez mais atenção e não é por acaso. Portugal tem uma posição geográfica privilegiada, o que faz com que seja uma boa base para quem queira viver na Europa sem ter de perder muito tempo em deslocações para os centros de decisão, além de oferecer bom tempo, segurança e qualidade de vida. Os norte-americanos representam uma das nacionalidades que mais tem crescido em termos de compradores e é algo que deverá manter-se.
Por outro lado, como os últimos anos nos mostraram, a imprevisibilidade é algo a ter em conta e é também a terceira tendência a apontar para 2023. Entre alguns dos fatores imprevisíveis podemos incluir desenvolvimentos relacionados com a guerra na Ucrânia e as suas consequências económicas, mas também o comportamento das maiores economias europeias que podem influenciar as ações do BCE.
Como acontece na maior parte dos setores, o mercado imobiliário está também dependente das ondulações do mercado internacional, o que poderá ser determinante para a forma como o ano nos irá correr.
Pedro Megre, CEO da UCI Portugal