Se, até dezembro de 2022, as microempresas e PME fornecedoras do setor público podiam ainda não estar preparadas para responder à obrigatoriedade de faturação eletrónica nos contratos públicos, desde 1 de janeiro, foram obrigadas a implementar este sistema de emissão de faturas nos seus negócios. Antecipar pode ser a jogada certa para quem não quer ser apanhado de surpresa, e são muitos os benefícios que estão associados a esta mudança.
As empresas que se antecipem a esta alteração no sistema de emissão de faturas irão perceber mais cedo que as faturas eletrónicas tornam os processos de faturação mais rápidos, mais seguros e mais sustentáveis. Apostar no sistema de faturação eletrónica não passa apenas pela sua obrigatoriedade legal, existe um conjunto de vantagens associadas e é um passo fundamental para a transformação digital dos negócios.
Mais do que uma obrigação, um conjunto de vantagens para as PME
Começou com a implementação obrigatória no âmbito dos contratos públicos, em que todas as entidades fornecedoras do Estado passaram a ter obrigatoriamente de utilizar um sistema de faturação eletrónica que garanta o envio das faturas no formato standard aprovado - CIUS-PT, mas este sistema surge como uma estratégia e uma oportunidade de evolução para as empresas. Como? Aumentando a agilidade dos processos, reduzindo custos e aumentando a eficiência.
A redução de custos e a otimização da eficiência administrativa são duas vantagens que se destacam para o tecido empresarial português. A primeira é imediata através da desmaterialização das faturas e do arquivo digital, que reduzem os custos com papel, consumíveis e despesas de envio. A segunda, é resultado da automatização dos processos de faturação que eliminam as tarefas manuais, morosas e sujeitas a erro de processamento.
Desta forma, através da comunicação imediata das faturas, o tempo de envio e processamento das faturas é reduzido, permitindo diminuir o tempo de pagamento e a melhoria do cash flow e liquidez das empresas.
Um compromisso de sustentabilidade empresarial
Uma tendência com uma presença cada vez maior no mundo dos negócios é a de sustentabilidade empresarial, uma integração direta do conceito de desenvolvimento sustentável no contexto empresarial, adaptando os conceitos ao processo produtivo no sentido de reduzir a pegada ambiental das operações das empresas. E a digitalização é um dos pontos principais a ter em conta, já que muito do desperdício tradicional pode ser reduzido ou até eliminado através de novos processos digitais, como a faturação eletrónica.
A faturação eletrónica intervém particularmente na primeira fase da economia circular, o reduzir, já que diminui consideravelmente o consumo de recursos escassos, particularmente o papel. Sendo 1 milhão de faturas em papel equivalente a 36 toneladas de CO2 e ao consumo de 118 árvores, esta diminuição significativa do consumo graças à desmaterialização do processo de faturação tem um grande impacto na redução do uso de recursos.
A sustentabilidade empresarial assume também um grande papel a nível da perceção das empresas por parte dos consumidores. Nos últimos anos em particular, a preocupação ambiental tem crescido significativamente à medida que os sinais se tornam inegáveis: os recursos do planeta Terra são cada vez mais escassos e uma parte significativa da responsabilidade é das empresas. Como tal, assumir uma postura de responsabilidade ecológica e sustentável é essencial para as empresas contarem com a confiança e conquistarem a lealdade dos consumidores, algo para o qual a faturação eletrónica pode contribuir.
Combate à fraude fiscal e ao cibercrime
Desde a pandemia de covid-19 que se tem verificado uma tendência crescente do cibercrime, dada a forte digitalização e uso de tecnologias por parte das organizações nas suas mais variadas operações e interações com terceiros, o que abarca inevitavelmente a função financeira e fiscal.
Atualmente, a fraude fiscal com as faturas eletrónicas, incluindo o carrossel do IVA, foi dificultada com a introdução da assinatura digital qualificada, uma vez que existe a garantia de quem é o emissor da fatura, identificando-se o responsável legal da empresa pela emissão e integridade da mesma. Desta forma, por se tratar de um documento digital assinado eletronicamente, a fatura eletrónica tem uma validade fiscal e cria uma segurança adicional para confirmar a veracidade da informação, anulando o risco de fraude e consequentes custos inerentes para as empresas.
Um passo em frente na digitalização dos negócios
A imposição da faturação eletrónica é já uma realidade em muitos países da União Europeia, e as empresas que se anteciparam a esta obrigatoriedade, colocaram-se numa posição privilegiada face às restantes, tornando-se mais competitivas e mais sustentáveis.
Atualmente, já existem no mercado várias soluções de faturação eletrónica para as empresas conquistarem a máxima eficiência dos seus negócios e garantirem o cumprimento integral da legislação, ao mesmo que tempo que minimizam a carga de trabalho administrativo. Dedicar tempo e recursos a tratar de tarefas como o envio e recebimento de faturas é um investimento que já não se justifica.
Eugénio Veiga, business unit director YET Ibéria, do Grupo Primavera, a Cegid Company