Tudo o que a Apple tem na manga

Como empresa mais valiosa do mundo na alvorada de 2023, a Apple nem deixou assentar a poeira dos festejos do novo ano e começou logo a lançar novos produtos, alguns dos quais (meio) inesperados. Quem é que tinha apostado fichas num novo HomePod? Não muitos, mas este foi um dos primeiros produtos a sair do forno este mês.

Foi um lançamento interessante, porque o HomePod original pode ser considerado um falhanço da Apple de Tim Cook. Era caro, nunca vendeu muitas unidades, e não era um altifalante inteligente que se distinguisse de forma radical do que já havia no mercado, o que justifica que tenha sido descontinuado em 2021. Não oferecia as mesmas vantagens que, por exemplo, um Echo Dot com Alexa, e a versão mais barata HomePod mini não fez muito melhor.

Sabemos que a Apple gosta de pegar em ideias que já existem e torná-las melhores e mais apelativas para o segmento premium, mas não foi isso que aconteceu aqui. Este HomePod 2 que surge agora renovado, com um preço de 299 dólares, tem o foco no áudio espacial mas é relativamente similar ao original. Não tem ecrã, como alguns rumores faziam suspeitar, e o preço continua a ser caro. O que faz a Apple pensar que este terá mais sucesso que o anterior?

Possivelmente Tim Cook não perde sono a pensar nisso, até porque a marca está bastante atarefada a renovar o seu portefólio. Com toda a turbulência na cadeia de produção e abastecimento, o congelar de contratações e o arrefecimento do apetite no consumo, não deixa de ser relevante. Em 2022, segundo as contas do Macworld, a Apple lançou 14 novos produtos; este ano poderá ser ainda mais prolífero, depois de começar com quatro.

Além do HomePod 2, nesta leva inicial de produtos também fomos apresentados a um novo Mac mini com M2, um Mac mini com M2 Pro e dois novos MacBook Pro, um de 14 e outro de 16 polegadas.

Depois do Verão, espera-se que a Apple apresente o iPhone 15, no habitual calendário de renovação do smartphone da marca - normalmente segunda terça-feira de Setembro, e nesse evento estará na calha um iPhone SE Plus. Também se antecipa um novo iPad Pro, um novo iPad mini, e corre o rumor de que haverá um MacBook Air de ecrã maior (15 polegadas).

Mas aquilo que está a criar mais expectativa para 2023, diremos que finalmente, é a entrada numa categoria de produtos inteiramente nova para a empresa de Cupertino.

Há pelo menos dois anos que analistas me dizem que a Apple está a preparar uns óculos inteligentes, que poderão ser de realidade aumentada simples ou realidade mista/realidade estendida. E este é o ano em que o produto vai finalmente ser apresentado; será a primeira vez em oito anos que a marca entra numa categoria nova, depois do Apple Watch em 2015. O facto de ter registado a marca xrOS em 2022 indica não só que os óculos estão prontos com sistema operativo próprio, mas também que a Apple pode estar a pensar num ecossistema mais alargado de produtos relacionados.

Isto teria uma importância gigantesca no mercado de realidade aumentada e virtual porque, acreditam os analistas, poderia significar uma expansão explosiva do segmento. Apesar de todos os avanços a que assistimos em VR/AR na última década, a verdade é que as expectativas não foram cumpridas. Os dispositivos atraíram sobretudo casos de utilização específicos em segmentos empresariais e industriais e um nicho nos videojogos. Não se deu ainda a massificação, e calcula-se que a entrada da Apple - com a facilidade de utilização e o "allure" da marca - possa desbloquear o mercado. No fundo, foi isso que aconteceu com o iPad, com o iPhone original e, mais recentemente, com o Apple Watch.

Outros rumores parecem um pouco mais improváveis para 2023, embora valha a pena passá-los em revista. Um dos mais interessantes é que a Apple estará a desenvolver a sua própria consola, depois de anos a afinar a estratégia de jogos para iPhone e iPad e promover a Apple Arcade. A hipótese secundária nesta área é que apareça uma Apple TV mais virada para os videojogos.

O outro rumor está relacionado com a indústria automóvel. Há tantos anos que se fala do interesse da Apple em lançar o seu carro que o impacto destes rumores se desvaneceu um pouco. Certo é que a marca tem uma equipa dedicada ao sector automóvel - e não apenas para desenvolver o CarPlay.

Onze anos depois da morte de Steve Jobs, Tim Cook elevou a Apple a uma posição invejável. Talvez a marca já não tenha a aura entusiasmante que a tornou mítica nos anos de Jobs, mas nunca foi tão grande e tão rentável. E se há coisa de que os mercados gostam mais que um fundador messiânico é de um gestor sagaz que lhes entrega dividendos quatro vezes por ano.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de